Uma mulher condenada pela História “Praticamente não há na história luso-brasileira personagem que tenha sido tão severamente criticada e pessoalmente desmoralizada quanto Carlota Joaquina” (Francisca Nogueira de Azevedo – Professora, doutora do Departamento de História do IFCS/UFRJ). Nesses duzentos anos da chegada da Família Real ao Brasil, lembramos uma personagem intrigante e emblemática da corte portuguesa: Carlota Joaquina de Bourbon. Ela nasceu nos arredores de Madri (Espanha), em 1775; casou-se, com apenas dez anos de idade, com o então príncipe de Portugal D. João, em 08 de maio de 1785. Em 1792, D. João torna-se príncipe regente, e, por conseguinte Carlota tornou-se princesa-regente consorte de Portugal. Carlota possuía personalidade forte e grande habilidade política, no entanto o machismo da época não poderia suportar tais qualidades em uma mulher, por isso foi retratada por muitos como uma mulher histérica, ambiciosa, violenta e extravagante, em oposição ao do rei, considerado bondoso e frágil diante do comportamento da esposa. Porém, para além dos estereótipos, que a colocaram sob suspeita aos olhos do povo e em dificuldades no trato com seu marido; protagonizou inúmeros episódios que abalariam o prestígio e a confiabilidade da monarquia. Muita vezes o casal travava uma verdadeira batalha. Carlota conquistou adesões e articulou diversos planos para interditar seu marido e ocupar o trono português. Tentou evitar a vinda da corte para Colônia, não obtendo sucesso desembarcou, em 1808, na Bahia e depois no Rio de Janeiro onde fixou residência. Após a morte de D. Maria I, em 1816, o príncipe regente tornou-se oficialmente o rei D. João VI e D. Carlota Joaquina, a rainha de Portugal, Brasil e Algarve. Em terras brasileiras continuou suas estratégias de conquista do poder, mantendo-se atenta as questões políticas do “Velho Mundo”, tentou assumir o lugar de seu irmão Fernando VII, rei de Espanha, tomar posse da coroa ibérica, unir os dois reinos e torna-se Imperatriz das Américas. De volta a Portugal, em 1821, Carlota recusa-se a jurar a Constituição, tendo por isso sua cidadania portuguesa cassada. O espírito de inquietude continuava a trazer dificuldades a Carlota e sua tendência ao jogo político ainda lhe colocou em sérios apuros. Morreu em 1830.