“As mulheres têm sido chamadas Rainhas há muito tempo,Mas o reino dado a elas não merece ser comandado.”
O Dia Internacional da Mulher é hoje uma data com tão grande visibilidade que como disse uma amiga hoje, é quase feriado.
Da origem da data, há controvérsias: se foram as mulheres russas que em 1917 iniciaram uma greve que foi o estopim da revolução de 1917 ou se foram as operarias em Nova Iorque que teriam sido queimadas vivas quando faziam uma greve reivindicando redução na jornada de trabalho de dez horas/dia. E ainda uma imensidão de historias diversas sobre detalhes acerca do assunto.
Talvez estas controvérsias sejam em decorrência do que Virginia Wolf em seu belíssimo livro Um Teto Todo, publicado em 1928, seu fala dos muitos livros escritos sobre as mulheres escritos por homens encontrados das bibliotecas de Londres e nenhum escrito por uma mulher, nem pra falar de homens, nem pra falar sobre elas mesmas. Mas o fato é que, oficialmente, em 1910 no Congresso das Mulheres Socialista na Dinamarca, a comunista alemã Clara Zetkin propõe que se consagre o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher e as congressistas aprovam.
De lá até aqui, foram as lutas, as organizações das mulheres, o feminismo, que como situa Heleieth Saffioti assume uma perspectiva político-cientifica, cujo objetivo não consiste apenas em ampliar o acervo dos saberes, mas também criar mecanismos políticos para a construção da igualdade social entre homens e mulheres.
As feministas que se empenharam para assegurar que no calendário um dia fosse consagrado a pautar as mulheres, entre homenagens e reivindicações, denuncias que hoje, em tempo de emancipação feminina, persista ainda muito presente na vida das mulheres e na sociedade, a violência machista e suas manifestações, o elevado numero de mulheres em situação de pobreza e condições de vida indigna, a diferença numérica de mulheres ocupando cargos e postos de poder e decisão.
Como não se sensibilizar com noticia desta semana de uma avó, aqui no Brasil, de mais de setenta anos que vive com um salário mínimo, que foi presa na cadeia de sua cidade por não pagar a pensão do neto? Como não desejar que a justiça seja exercida com a delicadeza que a vida exige? Os vizinhos fizeram uma vaquinha e pagaram os mil e quinhentos reais devidos.
Quando a ONU institui que 1975-1985 seria a Década da Mulher e define metas a serem atingidas neste período para enfrentar as desiguais situações de vida das mulheres no mundo, quando Joan Scott historiadora norte americana publica seu artigo tratando de Gênero como categoria útil para analise histórica no final da década de oitenta, estamos inaugurando nova era.
Temos os avanços das políticas publicas para as mulheres, temos hoje em andamento diversas ações e programas executados institucionalmente por governos federal, estaduais e municipais, traçados em conferencias com a participação de mais de três mil mulheres do Brasil todo. Ainda que tímidos, recursos públicos tem sido alocados na construção de cidadania para as mulheres, na promoção da equidade de gênero. É um novo momento sendo construído, embora no geral, o déficit de igualdade entre homens e mulheres continue sendo uma marca no funcionamento da sociedade moderna. Ainda há muito o que melhorar na vida das mulheres e nas relações de gênero.
Tenho pensado muito no feminino, no que poderia ser sua definição, sua aplicação, valorização. Falta feminino no mundo. O feminino com sua habilidade de intuir, criar,encantar, proteger,iniciar,nutrir, ensinar e curar. Da compaixão, resistência e força.
E o bom é que este feminino, tão expresso e pertencente a mulher, é comum de dois sexos.Só precisa ser cultivado entre nós.
Que seja mais feliz nosso 8 de março de 2012!
A luta continua até que sejamos todas livres!
Maria Rosana
03 de fevereiro de 2012