- Volume 2
- Século: XX
- Estado: SP
- Etnia: Branca
- Atividade: Liderança na defesa dos deficientes visuais
Descrição:
Dorina Nowill (1919-2010)
Nasceu em São Paulo em 1919. Aos 17 anos ficou cega e com muita perseverança e força de vontade decidiu continuar seus estudos. Nesta época, os portadores de deficiência visual encontravam muitos limites para a leitura, uma vez que eram escassas as publicações adequadas. Lutando contra essa realidade, no ano de 1946, Dorina e um grupo de amigas, criaram a Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Esta organização recebeu, em 1991, seu nome, pelo reconhecimento de seu trabalho.
Dorina abriu fronteiras para os portadores de deficiências visuais no Brasil. Foi a primeira aluna cega a matricular-se numa escola comum, em São Paulo, enfrentando com isto todos os obstáculos advindos da dificuldade de ocupar lugares não adaptados para receber deficientes, assim como o despreparo dos profissionais. Com determinação e compreensão do papel da educação para a inclusão das pessoas na sociedade conseguiu, depois de muita insistência que, em 1945, a Escola Caetano de Campos, em São Paulo, implantasse o primeiro curso de formação de professores para o ensino de cegos. Estas foram as primeiras vitórias dentre muitos outras que viriam.
Nunca descuidou de sua formação, conciliando-a com as necessidades que percebia para qualificar-se para o trabalho de conseguir alternativas que ajudassem superar a exclusão de pessoas. Fez curso de especialização na área de deficiência visual na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, com uma bolsa de estudos patrocinada pelo governo americano, pela Fundação Americana para Cegos e pelo Instituto Educacional de Educação. Após retornar para o Brasil dedicou-se a implantação da primeira imprensa braille de grande porte no país, sendo também responsável pela criação, na Secretaria da Educação de São Paulo, do Departamento de Educação Especial para Cegos. A educação sempre foi uma de suas bandeiras, enfrentou batalha ferrenha no sentido de conseguir que a educação para cegos fosse atribuição do Governo. O direito a educação dos cegos foi regulamentado em lei. Entre os anos de 1961 e 1973 dirigiu o primeiro órgão nacional de educação de cegos no Brasil. Sua luta também se extendia a implantação de serviços para cegos em diversos estados no Brasil assim como idealizou eventos e campanhas para prevenção da cegueira.
Dorina representou o Brasil internacionalmente ao participar de organizações mundiais voltadas aos direitos de os deficientes visuais e órgãos da ONU. Em 1979 foi eleita Presidente do Conselho Mundial dos Cegos. No Ano Internacional da Pessoa Deficiente – 1981, Dorina, falou na Assembléia Geral da ONU.
Trabalhou intensamente para a criação da União Latino América de Cegos – ULAC
Protagonista de uma história admirável. Dedicou sua vida em prol do desenvolvimento e da inclusão social de pessoas com deficiência visual. Faleceu aos 91 anos, vítima de uma parada cardíaca, no dia 29 de agosto de 2010. Dorina deixou 5 filhos, 12 netos e 3 bisnetos. Além de uma grande história de vida, baseada na luta por direitos, na persistência e na conquista de uma cidadania digna e de um espaço na sociedade.