- Volume 2
- Século: XX
- Estado: SP
- Etnia: Branca
- Atividade: Geóloga, feminista
Descrição:
Rosa Beatriz Gouveia Rosa, chamada carinhosamente por Rosinha, tinha tanta rosa no nome que não poderia ter sido diferente. Era uma flor de pessoa. Nasceu em 1952, em São Paulo.
Em 1971, começou seus estudos na área de Geologia na USP – Universidade de São Paulo onde também defendeu sua tese de doutorado, depois de passar quatro anos na França (1976-1979) fazendo mestrado.
Sempre foi uma mulher apaixonada pela vida e consciente da situação política e social. Sonhava com democratização do país, com a liberdade e a igualdade. Essas e outras utopias faziam com que Rosinha fosse uma militante de várias frentes, tais como o Sindicato de Geólogos de São Paulo, O Partido dos Trabalhadores de Osasco e o Movimento pela Emancipação do Proletariado.
Também era militante do Movimento Feminista de São Paulo e de Osasco. Foi uma das fundadoras do CIM – Centro Informação Mulher, em 1981.
Doutora em Geologia, com especialização em águas subterrâneas, trabalhava no DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica, autarquia vinculada à Secretaria de Saneamento e Energia e responsável pela gestão integrada dos recursos hídricos no Estado de São Paulo.
Em 1986 o DAEE assinou um convênio com o governo peruano e Rosinha foi designada para passar seis meses em Lima, capital do Peru, trabalhando com as questões ligadas à sua especialização, ou seja, a contaminação de águas subterrâneas.
Na década de 1980, o país vivia uma grande ditadura liderada pelos latifundiários e burgueses apoiados pelo imperialismo norte-americano. O grupo Sandero Luminoso, de ultra-esquerda e que defendia a luta armada como resposta a violência do Estado peruano, crescia, ganhava cada vez mais apoio popular e resolveu responder com a mesma moeda, ou seja, com a chamada violência revolucionária que não demorou se espalhar pelo campo e pelas cidades. Foram muitas as mortes e violações dos direitos humanos de ambos os lados.
Em Junho de 1986, durante a estada de Rosinha no Peru, ela recebeu a visita de um amigo geólogo e ambos resolveram fazer um passeio a Machu Picchu. Quando estavam dentro do trem na estação de Cuzco (para Machu Picchu) houve o atentado do Sendero Luminoso e Rosinha foi atingida de maneira fatal.
A notícia da morte de Rosinha deixou suas amigas e amigos brasileiros tristes e perplexos. Suas companheiras do CIM – Centro de Informação Mulher e do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde de São Paulo lhes prestaram uma grande homenagem na época. O postal confeccionado especialmente para esse tributo dizia “… nós mulheres, geradoras da vida, feministas, amigas de Rosa, afirmamos que a luta pela liberdade não pode se dar à custa de perda de vidas de pessoas que agem pela mesma causa. Companheiras feministas do Peru e da América Latina, que a dor tão desnecessária frente a morte de Rosinha seja um sinal de alerta, um marco que leve à reflexão sobre as formas de luta, para que elas sejam uma afirmação da vida”. (Colaboração Sonia Calió e Margarete Lopes)